Amigos leitores do Negócio & Ação!, hoje, postarei o segundo artigo de um amigo meu, que por sinal é alguém que respeito muito como pessoa do bem, e excelente profissional de compras.
Tive o prazer de conhecer Marcelo Castrignano no Magazine Luiza, onde ele prestou por alguns anos serviços de consultor em “strategic sourcing”.
Este profissional, com experiência em diferentes e conceituadas multinacionais, durante o período que la esteve conosco, pude absorver muito de seu "know-how", tendo sido através dele, criada a base daquilo que hoje sou também como um profissional negociador.
Assim, posto hoje um artigo seu, onde ele nos mostra alguns caminhos a se tomar quando nos tornamos líderes, ou melhor gerentes.
Ao ler este artigo, pude reforçar ainda mais meus conceitos sobre a diferença entre "ganhar o apelido de gerente", e ser efetivamente um gerente, um líder.
Espero que todos possam ter uma ótima leitura!
Sou gerente. E agora?
Carlos, um antigo funcionário, me ligou muito contente para avisar que foi o escolhido em um processo de seleção para a vaga de Gerente de Compras em uma grande empresa.
Ele estava preocupado, pois vai para uma empresa nova e esta vai ser sua primeira responsabilidade gerencial (ele era Comprador SR), portanto pediu algumas dicas sobre quais os primeiros passos que deveria tomar.
Aproveitando a abertura do Negócio & Ação!, compartilho com todos os amigos as dicas que dei a ele, na expectativa que sejam úteis para outras pessoas.
Acostume-se a ser o primeiro a chegar, ao menos durante o primeiro mês. Domine o ambiente. Se tiver uma sala fechada, saia dela para conversar com as pessoas à medida que eles cheguem. Olho no olho. Quebre o gelo, não fale apenas de serviço nestas primeiras conversas do dia.
2. Equipe:
Agende uma conversa individual o mais rápido possível com cada funcionário, direto e indireto. Cuide para que não seja interrompido durante as conversas. Identifique os destaques em quem você vai se apoiar, quem está desmotivado, quais os anseios de cada um, que treinamentos são necessários, onde existem tensões dentro do time. Veja nas entrelinhas se há alguém frustrado com sua chegada. Só depois verifique com o RH as últimas avaliações de cada um.
Lembre-se que você precisa de uma equipe boa para te dar sustentação, portanto se houver pontos abaixo da curva, estabeleça objetivos, cobre regularmente e, se não houver evolução em três meses, troque quem não atende, sem remorso.
Se tiver que substituir alguém, primeiro fale diretamente e de forma muito clara com a pessoa, reavalie em conjunto os objetivos não atingidos. Imediatamente após, reúna o grupo e explique quem saiu e por que.
A equipe sempre faz toda a diferença, porém não se engane: o único responsável pelos resultados da área é você – os méritos são compartilhados, o ônus é só seu.
3. Comunicação interna:
Estabeleça uma reunião semanal com todo o seu grupo, onde você possa passar os direcionamentos corporativos, reavaliar a semana que passou, planejar a próxima e discutir temas abertos. Se houver um painel como o “balanced scorecard” ou outra forma de avaliação dos resultados, verifique a evolução das métricas e compartilhe com o grupo, especialmente caso não esteja claro para todos quais os objetivos, por que eles são importantes, como as métricas são medidas, etc.
4. Situação atual da área de compras:
Peça para sua equipe uma lista dos gastos anuais por fornecedores, categorizadas pelos tipos de gastos. Em paralelo, peça uma lista igual para Contas a Pagar com os pagamentos efetuados por fornecedor no último ano. Você vai se surpreender ao comparar as duas listas, primeiro com a quantidade de gastos que não passam pela área de Compras e depois com as diferenças entre o que sua equipe reportou que compra e Contas a Pagar reportou que paga para os mesmos fornecedores. Identifique os planos de ação para cada categoria a ser negociada, bem para as negociações em curso. Veja os resultados das últimas negociações e que estratégias foram usadas. Veja se há um controle dos contratos e quais deles estão para vencer nos próximos meses.
5. Projetos:
Crie projetos para avaliar ações com os gastos importantes para a empresa e priorize tarefas. Delegue, mas acompanhe de perto. Nunca acredite na primeira negativa que lhe apresentarem, seja inconformado, insista, questione para encontrar novas soluções. Boas perguntas geram crédito e permitem que as pessoas te conheçam mais rapidamente. Para grandes projetos, tente formar times multidisciplinares com outras áreas, mesmo que informais.
6. Clientes internos:
Converse com o responsável em cada área usuária, para entender as eventuais queixas sobre Compras. Mapeie, estabeleça um plano de correção e acompanhe o processo. Às vezes, as soluções são simples e passam basicamente pela melhor comunicação entre as áreas. Veja se existem grupos de ação em temas que envolvam Compras. Indique a estes grupos alguém de sua confiança para representar sua área e sempre acompanhe o processo. Circule entre as áreas, entenda as necessidades que estão surgindo, estabeleça rapidamente seu “network”.
7. Fornecedores:
Agende reuniões para conhecer os principais fornecedores. Prepare-se para cada uma delas: o que vendem, qual o gasto, qual a evolução nos últimos anos (ou meses), resultados das últimas negociações, se existem concorrentes com propostas em curso, como está o mercado destes seus fornecedores (use a análise de Porter: quem são os fornecedores, concorrentes, entrantes potenciais, clientes, cenário e perspectivas). Tenha já definido um discurso com a mensagem da empresa e o que se espera destes fornecedores.
8. Lembre-se:
Você foi o eleito para esta missão. Quando surgir qualquer insegurança, não duvide de sua capacidade!
Também não há necessidade de criar um personagem do “Novo Gerente”. As pessoas identificam se há algo de falso no ar. Seja exatamente quem você é. Foi isso que te trouxe até aqui, foi isso que te fez ser o escolhido no processo e é isso que vai te levar a muitos outros sucessos no futuro.
Sucesso na carreira, e boas negociações!
Marcelo Castrignano
Supply Chain Manager